quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Primeira Manhã- Dalcídio Jurandir- RESUMO E FOCO NARRATIVO

RESUMO

Primeira manhã – Dalcídio Jurandir (1968)


Em “Primeira manhã”, uma longa descida será acompanhada por Alfredo quase por acaso, ao encontrar, em um passeio noturno, duas vizinhas que se dirigiam à caça dos maridos, tentando confirmar traições que eles teriam cometido.
Nesse longo episódio, o que acontece no decorrer é mais importante do que propriamente o desfecho, longamente mantido em suspense, retardado por um rememorar entre divertido e amargo da vida das duas mulheres, especialmente D. Abigail, a mais falante delas.
Dessa forma, a trajetória em busca dos maridos traidores também se converte em desabafo com o quase desconhecido que as acompanha nesse percurso de descida: “À proporção que elas acusavam, iam se tornando vencidas, sem razão, nem esperança, enlaçadas na sedução da viagem e do que a noite consentia.
Durante o trajeto, o narrador menciona, a certa altura, a natureza descendente dessa empresa, associada à noite, aos ruídos desconhecidos e agourentos, ou seja, ao rumo infernal do percurso empreendido por esses três solitários: “Na busca do marido, D. Abigail ia também desesperadamente curiosa dos infernos onde ele fumegava, e das rivais, não ciumenta, mas invejosa.”
Aí aparece, com toda a ambivalência, o significado da associação dos prostíbulos a “inferninhos” e se demonstra que a ida até lá, se é penosa e sofrida para mulheres que se sentem traídas, também contém certa dose de curiosidade e mistério pelo que o lugar possa apresentar em sua configuração ou por suas habitantes, especialmente se são ambientes interditos para mulheres casadas.
Na ocasião, não é de se estranhar, como faz a amiga Ivânia, que D. Abigail fale demais sobre suas vidas, pois, nessa descida, também ocorre uma espécie de descenso social, pelo menos um momentâneo romper de fronteiras, ao abrigo da noite; e as duas mulheres deixam de ser aquelas que são “casadas da cabeça aos pés”, como afirmara o narrador anteriormente, e se transformam em pessoas comuns, desabafando sobre o que se passa na intimidade de suas casas.
No entanto, a cena termina abruptamente para Alfredo sem que o leitor saiba o desfecho da busca, pois as duas o deixam para trás sem explicação, deixando entrever que caberia apenas a elas cumprirem aquela descida até o fim, mais sombria ainda pela associação com o mundo noturno, povoado de sombras e ruídos sinistros.
Nesse mesmo romance, ainda há a longa descida da sempre ausente e tão presente Luciana, que tem de cumprir uma longa e dolorosa via crucis pela suspeita de ter dado “um mau passo”, significativamente libertada da prisão que os pais lhe impuseram por um raio: da associação com a intervenção divina para redimi-la da injustiça que se estava cometendo é um passo.
Se, por um lado, ela só aparece no romance por meio do discurso dos outros personagens, sua presença está sempre se renovando graças à obsessão que Alfredo desenvolve por ela, o que o faz buscá-la em vários lugares da cidade, perguntando a todos que possam dar alguma informação sobre a moça amaldiçoada pelos pais.
De certa maneira, Alfredo também a acompanha em sua maldição e descida, pela obsessão e pela busca que realiza incomodado por ter à sua disposição a casa da qual Luciana fora expulsa, num paralelo entre a trajetória dessa personagem e a sua própria, humilhado que fora pelos colegas do Ginásio: Agora, esta casa à disposição do estudante que fugiu do estudo, à disposição do ginasiano pelo Ginásio escorraçado. Nesta casa, feita para a predileta vir morar. A anônima corre as ruas da Babilônia, moendo a sua farinha, passa os rios, não mais a tenra nem a delicada.
A desabençoada nunca há de pôr o pé neste soalho, nunca há de ver o mundodebruçada desta janela. “Desabençoada” pelos pais, Luciana perdera o lugar que agora é ocupado por Alfredo e este junta mais esta obsessão às suas tantas outras buscas.
ELEMENTOS NARRATIVOS DO ROMANCE PRIMEIRA MANHÃ:
Elaborados pelo professor Lanirson Cabral da Silva*
Personagens:
Principal: Alfredo
Secundários: Luciana, D. Abigail, Ivânia
Tempo: Cronológico ( pós-ciclo da borracha e da Belle Epóque)
Enredo Linear
Narrador: Onisciente e onipresente
Espaços:
Físico: Belém-Pará / Social: Valores interioranos, familiares educacionais, morais, sociais, memorialistas e sociais
Tipificação: Oitavo Romance do Ciclo Extremo Norte
Temática:- Os dissabores diante da educação e da decadência de uma cidade ( Belém); As expectativas frustradas de um estudante em primeiro dia de aula; As experiências de um jovem num liceu.

FONTE:http://vestibularnopara.com.br/?page_id=4600

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A Legião Estrangeira - RESUMO


A Legião Estrangeira

Clarice Lispector estréia, no conto, em 1952, com “Alguns Contos”, conjunto de textos escritos na década de 40. Em 1960, surge a obra “Laços de Família”; em 1964, Clarice lança “A Legião Estrangeira”. Os 13 contos de A legião estrangeira abordam o cotidiano familiar, a perversidade infantil e a solidão. Como apontou o escritor Affonso Romano de Sant’Anna na introdução de uma antiga edição do livro, para Clarice Lispector importa mais a geografia interior. “Ao invés de tipos épicos e dramáticos, temos figuras situadas numa aura de mistério, vivendo relações profundas dentro do mais ordinário cotidiano”, escreveu. “Mais do que as aventuras, interessa-se por descrever a solidão dos homens diante dos animais e objetos.” Entre os contos destaca-se “Viagem a Petrópolis”, escrito quando Clarice tinha apenas 14 anos. Neste, a precoce escritora narra a absurda solidão de uma velhinha que, sem lugar para morar, é empurrada de uma casa para outra. E o leitor perceberá em “Os desastres de Sofia” uma história de transparente sensibilidade, em que a autora aborda a perversidade infantil por meio do relacionamento de uma aluna com seu professor.
A vulnerabilidade dos animais diante dos homens, e vice-versa, está presente em “A quinta história”, “Macacos” e ainda em “A legião estrangeira”. Como também apontou Affonso Romano de Sant’Anna, a tensão nos contos de Clarice surge da oposição Eu X Outro, que pode ser um animal, uma criança ou uma coisa. “Dessa tensão é que surge a epifania, a revelação de uma certa verdade.”
O primeiro conto do livro é “O ovo e a Galinha”. Se parece mais com a uma dissertação sobre o mistério do ovo. Mas sendo algo entre a crônica e o conto ou um simples texto sem classificação, pouco tem daquela organização que encontramos no poema “O Ovo da Galinha”, de João Cabral de Melo Neto.
“O Ovo e a Galinha” começa com uma frase em que se identifica o tempo, o espaço e o narrador da história: “De manhã na cozinha sobre a mesa vejo um ovo”. Em seguida todos esses referenciais começam a ser desmantelados: “Imediatamente percebo que não se pode estar vendo um ovo. Ver um ovo nunca se mantém no presente: mal vejo um ovo e já se torna ter visto um ovo há três milênios.” O assunto inicial, o ovo, vai desdobrando-se e multiplicando-se com o desenrolar do texto. Definido como “tratado poético sobre o olhar”, pelo crítico José Miguel, ou como “meditação”, por Benedito Nunes, “O Ovo e a Galinha” é um texto que alarga os limites da obra literária e, embora apresente os elementos básicos de uma narrativa, faz pensar sobre o que é preciso exatamente para contar uma história, coisa que de fato não ocorre em seu caso.
Já “A Quinta História” relata uma história, a de como matar baratas, em cinco versões, o que leva ao questionamento sobre as muitas formas de marrar um fato, o que incluir, o que excluir, e como um mesmo fato pode originar histórias muito diferentes. Nesse conto encontra-se a reflexão sobre o fazer literário que acompanha os contos de Clarice Lispector desde o livro de 52. As várias histórias com princípio semelhante, mas tomando direções diferentes confirmaria o que a própria autora disse em “Os Desastres de Sofia” – algumas histórias se fazem como fios de tapete e, na verdade, uma estória se faz com o enredamento de muitas histórias.
O conto “Os desastres de Sofia” tem sua unidade temporal – o tempo da parte mais essencial – na admiração de um professor pela redação de uma aluninha de nove anos de idade. É o momento mágico em que Sofia descobre o que é o amor, lá na origem perturbadora desse sentimento que é o grande desejo de toda a humanidade. A aluna Sofia sente aparente aversão ao seu professor, mas como ele não a olha e age como uma pessoa temerosa diante dela, Sofia fica atraída pelo prazer de espicaçá-lo e sempre faz o que acha ruim para ele. Escrevendo uma redação, ela acaba por, inocentemente, afirmar que a felicidade está dentro de cada um, é inútil procurá-la fora de si. Após ler, o professor fica tão encantado com o texto de Sofia que a chama a sós na sala de aula e lhe confessa sua admiração pelo texto; e, por extensão, pela jóia que Sofia precisava ter no coração para definir tão bem a felicidade. Bem assustada, Sofia aprende o que é o amor e como ele habita no coração humano. Isto a leva a sentimentos que jamais esquecerá. Principalmente quando, aos treze anos, fica sabendo que esse professor morrera: “Perplexa (…) eu perdia meu inimigo e sustento.”
FONTE: http://resumodelivro.com/clarice-lispector/a-legiao-estrangeira/

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

TROVADORISMO



TROVADORISMO
Trovadorismo é a primeira manifestação literária da língua portuguesa. Seu surgimento ocorreu no mesmo período em que Portugal começou a despontar como nação independente, no século XII; porém, as suas origens deram-se na Occitania, de onde se espalhou por praticamente toda a Europa. Apesar disso, a lírica medieval galaico-português possuiu características próprias, uma grande produtividade e um número considerável de autores conservados.
Trovadores eram aqueles que compunham as poesias e as melodias que as acompanhavam, e _______________são as poesias cantadas. A designação "trovador" aplicava-se aos autores de origem nobre, sendo que os autores de origem vilã tinham o nome de jogral, termo que designava igualmente o seu estatuto de profissional (em contraste com o trovador). Ainda que seja coerente a afirmação de que quem tocava e cantava as poesias eram os jograis, é muito possível que a maioria dos trovadores interpretasse igualmente as suas próprias composições.
A Herança Medieval
Os poetas da Idade Média chamavam-se _____________. Os gêneros poéticos que praticavam, exaltavam os valores guerreiros (conforme as canções de gesta, onde gesta significa “grandes feitos”, e os amores cavaleirescos.
Vivendo em uma sociedade feudal a sua poesia reflete não apenas a religiosidade da época, mas também a relação bem definida de dependência (vassalagem) entre as camadas sociais de então.
O Espírito Teocêntrico (______________________), e a vassalagem (________________________________) são as principais características da poesia trovadoresca.
O dialeto ______________________ era a língua utilizada pelos trovadores.

Classificação das cantigas

Com base na maioria das cantigas reunidas nos cancioneiros podemos, classificá-las da seguinte forma:

gênero lírico
  • - Cantigas de amor
  • - Cantigas de amigo
gênero satírico
  • - Cantigas de escárnio
  • - Cantigas de maldizer

A cantiga de amor

O cavalheiro se dirige à mulher amada como uma figura idealizada, distante. O poeta, na posição de fiel vassalo, se põe a serviço de sua senhora, dama da corte, tornando esse amor um objeto de sonho, distante, impossível.
Neste tipo de cantiga, originária de Provença, no sul de França, o eu-lírico é masculino e sofredor. Sua amada é chamada de senhor (as palavras terminadas em or como senhor ou pastor, em galego-português não tinham feminino). Canta as qualidades de seu amor, a "minha senhor", a quem ele trata como superior revelando sua condição hierárquica. Ele canta a dor de amar e está sempre acometido da "coita", palavra frequente nas cantigas de amor que significa "sofrimento por amor". É à sua amada que se submete e "presta serviço", por isso espera benefício (referido como o bem nas trovas).
Essa relação amorosa vertical é chamada "vassalagem amorosa", pois reproduz as relações dos vassalos com os seus senhores feudais. Sua estrutura é mais sofisticada. Existem dois tipos de cantigas de amor: as de refrão e as de mestria, que não tem refrão.
Exemplo de lírica galego-portuguesa (de Bernal de Bonaval):
"A dona que eu am'e tenho por Senhor
amostrade-me-a Deus, se vos en prazer for,
se non dade-me-a morte.
A que tenh'eu por lume d'estes olhos meus
e porque choran sempr(e) amostrade-me-a Deus,
se non dade-me-a morte.
Essa que Vós fezestes melhor parecer
de quantas sei, ay Deus, fazede-me-a veer,
se non dade-me-a morte.
Ay Deus, que me-a fezestes mais ca min amar,
mostrade-me-a hu possa con ela falar,
se non dade-me-a morte."

CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS:

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

A cantiga de amigo

São cantigas de origem __________, com marcas evidentes da literatura oral (reiterações, paralelismo, refrão, estribilho), recursos esses próprios dos textos para serem cantados e que propiciam facilidade na memorização. Esses recursos são utilizados, ainda hoje, nas canções populares.
Este tipo de cantiga, que não surgiu em Provença como as outras, teve suas origens na Península Ibérica. Nela, o eu-lírico é uma mulher (mas o autor era masculino, devido à sociedade feudal e o restrito acesso ao conhecimento da época), que canta seu amor pelo amigo (amigo = namorado), muitas vezes em ambiente natural, e muitas vezes também em diálogo com sua mãe ou suas amigas. A figura feminina que as cantigas de amigo desenham é, pois, a da jovem que se inicia no universo do amor, por vezes lamentando a ausência do amado, por vezes cantando a sua alegria pelo próximo encontro. Outra diferença da cantiga de amor, é que nela não há a relação Suserano x Vassalo, ela é uma mulher do povo. Muitas vezes tal cantiga também revelava a tristeza da mulher, pela ida de seu amado à guerra.
Exemplo (de D. Dinis)
"Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo!
ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado!
ai Deus, e u é?"
(...)

CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS:

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

A cantiga de escárnio

Na cantiga de escárnio, o eu-lírico faz uma ___________ a alguma pessoa. Essa sátira era indireta, cheia de duplos sentidos. As cantigas de escárnio (ou "de escarnho", na grafia da época) definem-se, pois, como sendo aquelas feitas pelos trovadores para dizer mal de alguém, por meio de ambigüidades, trocadilhos e jogos semânticos, num processo que os trovadores chamavam "equívoco". O cômico que caracteriza essas cantigas é predominantemente verbal, dependente, portanto, do emprego de recursos retóricos. A cantiga de escárnio exigindo unicamente a alusão indireta e velada, para que o destinatário não seja reconhecido, estimula a imaginação do poeta e sugere-lhe uma expressão irônica, embora, por vezes, bastante mordaz. exemplo de cantiga de escárnio.
Ai, dona fea, foste-vos queixar que vos nunca louv[o] em meu cantar; mais ora quero fazer um cantar em que vos loarei toda via; e vedes como vos quero loar: dona fea, velha e sandia!...” (...)e) Na cantiga de amigo, usa-se o refrão, mas não existe paralelismo.

A cantiga de maldizer

Ao contrário da cantiga de escárnio, a cantiga de maldizer traz uma sátira direta e sem duplos sentidos. É comum a agressão verbal à pessoa satirizada, e muitas vezes, são utilizados até palavrões. O nome da pessoa satirizada pode ou não ser revelado.
Exemplo de cantiga Joan Garcia de Guilhade
"Ai dona fea! Foste-vos queixar
Que vos nunca louv'en meu trobar
Mais ora quero fazer un cantar
En que vos loarei toda via;
E vedes como vos quero loar:
Dona fea, velha e sandia!
Ai dona fea! Se Deus mi pardon!
E pois havedes tan gran coraçon
Que vos eu loe en esta razon,
Vos quero já loar toda via;
E vedes qual será a loaçon:
Dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
En meu trobar, pero muito trobei;
Mais ora já en bom cantar farei
En que vos loarei toda via;
E direi-vos como vos loarei:
Dona fea, velha e sandia!"
Este texto é enquadrado como cantiga de escárnio já que a sátira é indireta e não cita-se o nome da pessoa especifica. Mas, se o nome fosse citado ela seria uma Cantiga de Maldizer, pois contém todas as características diretas como sátira da "Dona". Existe a suposição que Joan Garcia escreveu a cantiga anterior uma senhora que reclamava por ele não ter escrito nada em homenagem a ela. Joan Garcia de tanto ouvi-lá dizer, teria produzido a cantiga.
Todos os textos poéticos dessa primeira época medieval eram acompanhados por música e normalmente cantados em coro, daí serem chamados de cantigas. Isso ocasionou o aparecimento de uma verdadeira hierarquia de artistas, assim classificados (com o passar do tempo e dependendo da religião, essas denominações caíram em desusos):
  • Trovador ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

  • Jogral, Segrel ou Menestral ________________________________________________________________________________________________________________________________
  • Soldadeira ou Jogralesa ________________________________________________________________________________________________________________________________
  1. HUMANISMO

A expressão humanismo refere-se genericamente a uma série de valores e ideais relacionados à celebração do ser humano. O termo, porém, possui diversos significados, muitas vezes conflitantes.
Segundo Bernard Cottret, biógrafo de Calvino, o seu atual significado surge apenas em 1877. Significa o interesse dos sábios do Renascimento pelos textos da antiguidade clássica (em Latim e Grego) em detrimento da escolástica medieval. Autores clássicos como Cícero ou Séneca voltam a ser lidos com um interesse acrescido na Europa do século XVI.
Humanistas famosos são entre outros Petrarca, Gianozzo Manetti, Lorenzo Valla, Marsilio Ficino, Erasmo de Roterdão,François Rabelais, Pico de La Mirandola e Thomas Morus.
Os acadêmicos Andrea Alciati (italiano) e Gräzist Wolmar (alemão), a cujas aulas Calvino assistiu em Bourges são também figuras demonstrativas, se bem que num plano menor, do espírito humanista em voga no século XVI.
O Humanismo teve início na Itália no século XIV indo até ao século XVI.

Escola Literária

Também há a escola literária chamada Humanismo, que surgiu bem no final da Idade Média. Ainda podemos ressaltar as prosas doutrinárias, dirigidas à nobreza. Já as poesias, que eram cultivadas por fidalgos, utilizavam o verso de sete sílabas e o de cinco sílabas. Podemos destacar João Ruiz de Castelo Branco como importante autor de poesias palacianas.
  1. Gil Vicente

Gil Vicente (14651536) é geralmente considerado o primeiro grande dramaturgo português, além de poeta de renome. Há quem o identifique com o ourives, autor da Custódia de Belém, mestre da balança, e com o mestre de Retórica do rei Dom Manuel. Enquanto homem de teatro, parece ter também desempenhado as tarefas de músico, actor e encenador. É frequentemente considerado, de uma forma geral, o pai do teatro português, ou mesmo do teatro ibérico já que também escreveu em castelhano - partilhando a paternidade da dramaturgia espanhola com Juan del Encina.
A obra vicentina é tida como reflexo da mudança dos tempos e da passagem da Idade Média para o Renascimento, fazendo-se o balanço de uma época onde as hierarquias e a ordem social eram regidas por regras inflexíveis, para uma nova sociedade onde se começa a subverter a ordem instituída, ao questioná-la. Foi, o principal representante da literatura renascentista portuguesa, anterior a Camões, incorporando elementos populares na sua escrita que influenciou, por sua vez, a cultura popular portuguesa.

O Teatro português antes de Gil Vicente

O teatro português não nasceu com Gil Vicente. Esse mito, criado por vários autores de renome, como Garcia de Resende, na sua Miscelânia, ou o seu próprio filho, Luís Vicente, por ocasião da primeira edição da "Compilação" da obra completa do pai, poderá justificar-se pela importância inegável do autor no contexto literário pensinsular, mas não é de todo verdadeiro já que existiam manifestações teatrais antes da noite de 7 para 8 de Junho de 1502, data da primeira representação do "Auto do vaqueiro" ou "Auto da visitação", nos aposentos da rainha.
Já no reinado de Sancho I, os dois actores mais antigos portugueses, Bonamis e Acompaniado, realizaram um espectáculo de "arremedilho", tendo sido pagos pelo rei com uma doação de terras. O arcebispo de Braga, Dom Frei Telo, refere-se, num documento de 1281, a representações litúrgicas por ocasião das principais festividades católicas. Em 1451, o casamento da infanta Dona Leonor com o imperador Frederico III da Alemanha foi acompanhado também de representações teatrais.
Segundo as crónicas portuguesas de Fernão Lopes, Zurara, Rui de Pina ou Garcia de Resende, também nas cortes de D. João I, D. Afonso V e D.João II, se faziam encenações espectaculares. Rui de Pina refere-se, por exemplo, a um "momo", em que Dom João II participou pessoalmente, fazendo o papel de "Cavaleiro do Cisne", num cenário de ondas agitadas (formadas com panos), numa frota de naus que causou espanto entrando sala adentro acompanhado do som de trombetas, atabales, artilharia e música executada por menestréis, além de uma tripulação atarefada de actores vestidos de forma espectacular.
Contudo, pouco resta dos textos dramáticos pré-vicentinos. Além das éclogas dialogadas de Bernardim Ribeiro, Cristóvão Falcão e Sá de Miranda, André Dias publicou em 1435 um "Pranto de Santa Maria" considerado um esboço razoável de um drama litúrgico.
No Cancioneiro Geral de Garcia de Resende existem alguns textos também significativos, como o Entremez do Anjo (assim designado por Teófilo Braga), de D. Francisco de Portugal, Conde de Vimioso, ou as trovas de Anrique da Mota (ou Farsa do alfaiate, segundo Leite de Vasconcelos) dedicados a temas e peronagens chocarreiros como "um clérigo sobre uma pipa de vinho que se lhe foi pelo chão", entre outros episódios divertidos.
É provável que Gil Vicente tenha assistido algumas destas representações. Viria, contudo, sem qualquer dúvida, a superá-las em mestria e em profundidade, tal como diria Marcelino Menéndez Pelayo ao considerá-lo a "figura mais importante dos primitivos dramaturgos peninsulares", chegando mesmo a dizer que não havia "quem o excedesse na europa do seu tempo".

Características principais

A sua obra vem no seguimento do teatro ibérico popular e religioso que já se fazia, ainda que de forma menos profunda. Os temas pastoris, presentes na escrita de Juan del Encina vão influenciar fortemente a sua primeira fase de produção teatral e permanecerão esporadicamente na sua obra posterior, de maior diversidade temática e sofistificação de meios. De facto, a sua obra tem uma vasta diversidade de formas: o auto pastoril, a alegoria religiosa, narrativas bíblicas, farsas episódicas e autos narrativos.
Gil Vicente retratou, com refinada comicidade, a sociedade portuguesa do século XVI, demonstrando uma capacidade acutilante de observação ao traçar o perfil psicológico das personagens. Crítico severo dos costumes, de acordo com a máxima que seria ditada por Molière ("Ridendo castigat mores" - rindo se castigam os costumes), Gil Vicente é também um dos mais importantes autores satíricos da língua portuguesa. Em 44 peças, usa grande quantidade de personagens extraídos do espectro social português da altura. É comum a presença de marinheiros, ciganos, camponeses, fadas e demônios e de referências – sempre com um lirismo nato – a dialetos e linguagens populares.
Entre suas obras estão Auto Pastoril Castelhano (1502) e Auto dos Reis Magos (1503), escritas para celebração natalina. Dentro deste contexto insere-se ainda o Auto da Sibila Cassandra (1513), que, embora até muito recentemente tenha sido visto como um prenúncio dos os ideais renascentistas em Portugal, retoma uma narrativa já presente na General Estória de Afonso X. Sua obra-prima é a trilogia de sátiras Auto da Barca do Inferno (1516), Auto da Barca do Purgatório (1518) e Auto da Barca da Glória (1519). Em 1523 escreve a Farsa de Inês Pereira.
  1. O Velho da Horta (Resumo)


Esta seguinte farsa é o seu argumento que um homem honrado, já velho, tinha uma horta: e andando uma manhã por ela espairecendo, sendo o seu hortelão fora, veio uma moça de muito bom parecer buscar hortaliça, e o velho em tanta maneira se enamorou dela, uma alcoviteira que por la passava e viu o que acontecia,vendo que fora rejeitado, foi até o velho e se ofereceu para ajudar a conquista-la, a alcoviteira ia até a um lugar, falava para o velho que tinha ido até a mulher desejada, e toda vez que voltava falava que precisava de algo, e o velho gastando todas as suas economias.A mulher do velho logo descobre dessa suposta "traição" e se separa dele. Logo aparece um garoto, a mando da mulher, que trazia o dinheiro que não havia aceitado pelas hortaliças. E descobriu através do garoto que ela se casaria, então chega o delegado com policiais e prende a alcoviteira, que não devolve o dinheiro e é açoitada em praça pública. E o velho senhor acaba ficando pobre, sem família nem dinheiro, nem a moça por quem ele estava apaixonado.
Nesta farsa, Gil vicente retrata os infortúnios do amor de um velho que, ironizado pela moça, termina a peça revelando uma grande frustação. No entanto, a preocupação da farsa vicentina não se restringe ao amor incorrespondido, mas vai além da simples crítica social, atingindo as críticas morais, de interesses pessoais e, sobretudo, materiais. Ademais,revela com bastante fidelidade as ideologias e costumes desse periodo de transição para o Renascimento, mas que ainda conserva hábito como o açoite em praça pública, ato que ainda perpetuaria por muitos séculos adiante. Gil Vicente, portanto, registrara a comportamento e a idelogia do homem medieval, mas também já prenunciara as novas ideologias que estavam por iniciar uma nova página na história da literatua e e da sociedade portuguesa.

RASCUNHO
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________