Vestido de noiva - Análise
O universo dramático de Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, é a
classe média carioca nas imediações dos anos quarenta. Nessa sociedade,
predomina a hipocrisia, os preconceitos e os símbolos eleitos pela
cultura judaico-cristã como eternos em relação à família e ao casamento.
O peça inicia com buzina de automóvel, barulho de derrapagem
violenta, vidraças partidas, sirene de ambulância. O cenário é dividido
em três planos, que o autor denomina: alucinação, memória e realidade.
Os sons ouvidos referem-se ao atropelamento de Alaíde, que é levada a um
hospital.
O plano da realidade encena a luta de Alaíde contra a
morte, em estado de coma, na mesa de operação, bem como os
acontecimentos que sucedem o atropelamento: a movimentação dos
repórteres, a reclamação de uma leitora de um jornal sobre o abuso de
velocidade dos automóveis, a conversa do marido, Pedro, com os médicos, a
morte da protagonista, o velório, o luto dos parentes, e finalmente o
casamento de Pedro com Lúcia, irmã de Alaíde.
Os planos da
memória e da alucinação apresentam no início da peça uma certa
definição, para irem-se interpretando à medida que a ação evolui. Esses
dois planos são projeções exteriores do subconsciente de Alaíde, uma
mulher inconformada com a condição feminina na classe média alta
carioca, o que provoca nela um desejo irresistível de transgredir: como
se tentasse realizar-se adotando as regras de um jogo adverso, ela seduz
todos os namorados da irmã, e acaba casando-se com o último deles,
Pedro. A irmã promete vingança, e, depois de algum tempo, quando o
casamento entra naquela fase de tédio, trama com Pedro a maneira mais
extremada de descartar Alaíde: seu assassinato.
Alaíde, nos dias
que antecedem o acidente, parece desconfiar que estava jurada de morte,
e, enquanto definha na sala de cirurgia, tenta reconstruir em sua mente
os acontecimentos passados, misturando-os ao seu delírio, à satisfação
dos desejos reprimidos.
O principal símbolo da libertação
feminina é para ela Madame Clessi, uma prostituta do início do século
que havia residido na casa em que então moravam seus pais. Diante do
propósito dos pais de incinerarem os pertences da cafetina que haviam
ficado no sótão da casa, Alaíde consegue resgatar o diário dela, e fica
conhecendo detalhes de sua trajetória, complementados com recortes de
jornais da época encontrados na Biblioteca Nacional.
Em sua
alucinação, misturada com a memória, Alaíde encontra na figura de Clessi
apoio para a reconstrução dos fatos passados e da revelação
subconsciente de seus desejos, entre os quais o assassinato de Pedro,
como retaliação à trama macabra que ele perpetrara de acordo com sua
própria irmã.
Neste universo social, a permissão da vivência
sexual para a mulher só ocorre de uma entre duas maneiras: ou ela se
casa de acordo com os preceitos religiosos e sociais, ou ela transgride
tudo, tornando-se prostituta. No caso de Alaíde, ela acaba conseguindo
ter acesso ao sexo na vida real e uma tentativa no subconsciente, em sua
amizade com Clessi.
Inconformada com as convenções sociais
repressoras da mulher, Alaíde não consegue em vida opor-se a elas, mas
consegue manipular as pessoas com seu poder de sedução. Perto da morte,
seu desejo de transgressão toma corpo e salta aos olhos nas cenas em que
se torna amiga da prostituta e consegue inclusive matar, com a maior
frieza, o marido traidor.
Os imortais
Ninguém
presta, nesta peça: Alaíde é neurótica e oportunista, Pedro e Lúcia são
presumidos assassinos e hipocritamente se casam, com o consentimento dos
pais de Lúcia e da inexpressiva mãe de Pedro.
Alaíde é a
protagonista de Vestido de Noiva. É uma mulher insatisfeita e
inconformada com a condição feminina. Seduz os namorados da irmã como
uma tentativa de auto-afirmação, que a faz parecer melhor aos próprios
olhos. É como ela diz a Lúcia, em tom de provocação: "Eu sou muito mais
mulher do que você - sempre fui! Após conquistar Pedro, que se torna seu
marido, demonstra um certo desinteresse e frustração pela vida de
casada, ao mesmo tempo em que se sente ameaçada de morte por Pedro e
Lúcia. O atropelamento é um desfecho trágico da tensão dos últimos dias
da protagonista, e tanto pode ser suicídio como acaso ou assassinato. Em
seu delírio e lembranças, reconstrói no subconsciente as injustiças de
que se julga vítima e revela seu fascínio pela vida marginal de Madame
Clessi.
Lúcia, irmã de Alaíde, aparece em quase toda a peça como
Mulher de Véu. É uma pessoa também insatisfeita, incompleta, que vive
atormentada pelo sentimento de ter sido passada para trás pela irmã.
Parece ter conseguido uma grande vitória com a morte de Alaíde e seu
casamento com Pedro, mas as cenas finais sugere que ela não estará
melhor em seu casamento do que Alaíde em seu túmulo.
Pedro é o
elemento dominador, é quem manipula as mulheres para conseguir o que
quer. Namora Lúcia inicialmente, deixa-se seduzir por Alaíde, com quem
se casa pela primeira vez, e depois concebe um plano macabro de eliminar
a esposa para retornar aos braços da irmã. É o industrial bem sucedido,
que representa o bom partido para as moças casadoiras que conseguirem
fisgá-lo, mesmo sabendo que viveram à mercê do macho opressor.
Madame
Clessi é a prostituta do início do século que povoa a mente de Alaíde,
desejosa de viver um mundo de sensações picantes. Ela havia residido na
casa de Alaíde décadas atrás, e os pais da protagonista resolvem queimar
seus pertences, alguns dos quais são salvos, inclusive o diário. Clessi
representa (para Alaíde) o ideal de mulher liberada, que agride a
sociedade hipócrita que Alaíde nega, mas na qual ela transita.
Os
demais personagens desempenham papéis secundários, como o namoradinho
adolescente de Clessi, que a assassina com uma navalhada, e os pais de
Alaíde e Lúcia e a mãe de Pedro, que representam a classe média
conformada e deslumbrada com as convenções sociais, que devem ser
preservadas.
Temática e símbolos
Partindo do
princípio de que as relações sociais são perversas, todas as atitudes
das pessoas revelam a hipocrisia, a competição desleal, os desejos
proibidos, o conformismo imbecilizado ou o inconformismo agressivo,
enfim, é um universo de obsessivo pessimismo.
Todas as imagens e
símbolos que emergem da peça convergem para essa amarga concepção da
existência, sem nenhuma surpresa, com pouca sutileza, de maneira bem
clara, em que pese a manifesta intenção de ironizar símbolos sagrados à
cultura judaico-cristã. Assim Vestido de Noiva que deveria simbolizar a
virgindade, a ingenuidade de sentimentos, a paixão pelo noivo com o qual
ocorrerá a união sob a benção de Deus e dos homens, nos mostra um
cenário completamente a este apenas descrito e acaba dessacralizando a
pureza e a castidade para se tornar a representação das discórdia, da
competição, e, a considerar o inequívoco desfecho da peça, em que a
marcha fúnebre se sobrepõe à marcha nupcial, termina por adquirir a
conotação de mortalha.
As outras imagens também convergem para o
mesmo universo simbólico, como o bouquet, espécie de troféu às avessas e
metáfora de um casamento destinado ao fracasso, e a aliança - "grossa
ou fina, tanto faz" nas palavras de uma prostituta -, ao invés de
celebrar a união do casal, funciona como índice de disputa, rivalidade,
ameaça de morte.
A mulher de véu também se constitui numa imagem
de pessimismo. É a mulher que não se revela, mas está sempre pronta a
dar o bote, em seu desejo de vingança. É a retaliação sempre presente,
que Alaíde só consegue identificar claramente ao final do segundo ato.
Provavelmente será a próxima vítima do marido.
(...)
Madame Clessi: Quer falar comigo?
Alaíde (aproximando-se, fascinada): Quero, sim. Queria...
Madame Clessi: Vou botar um disco. (Dirige-se para a invisível vitrola, com Alaíde atrás)
Alaíde: A senhora não morreu?
Madame
Clessi: Vou botar um samba. Esse aqui não é muito bom. Mas vai assim
mesmo. (Samba surdinando) Está vendo como estou gorda, velha, cheia de
varizes e de dinheiro?
Alaíde: Li o seu diário.
Madame Clessi (cética): Leu? Duvido! Onde?
Alaíde (afirmativa): Li, sim. Quero morrer agora mesmo, se não é verdade!
Madame Clessi: Então diga como é que começa. (Clessi fala de costas para Alaíde)
Alaíde (recordando): Quer ver? É assim... (Ligeira pausa) "Ontem, fui com Paulo a Paineiras"... (feliz) É assim que começa.
Madame Clessi (evocativa): Assim mesmo. É.
Alaíde (perturbada): Não sei como a senhora pôde escrever aquilo! Como teve coragem! Eu não tinha!
Madame Clessi (à vontade): Mas não é só aquilo. Tem outras coisas.
Alaíde
(excitada): Eu sei. Tem muito mais. Fiquei!... (Inquieta) Meu Deus! Não
sei o que é que eu tenho. É uma coisa – não sei. Por que é que eu estou
aqui?
Madame Clessi; É a mim que você pergunta?
(...)
Disponível em :http://www.saturei.com/resumos/vestido_de_noiva.php acessado em janeiro de 2008
FONTE: http://franciscomuriel.blogspot.com/2008/08/noces-de-vestido-de-noiva.html
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
1ª FASE-PROCEL-PRISE
1-Leia
este soneto de Manuel Maria Barbosa du Bocage.
Já se afastou de nós o Inverno
agreste
Envolto nos seus úmidos vapores;
A fértil Primavera , a mãe das
flores
O prado ameno de boninas veste :
Varrendo os ares o sutil nordeste
Os torna azuis : as aves de mil
cores
Adejam entre Zéfiros, e Amores,
E torna o fresco Tejo a cor
celeste ;
Vem, ó Marília, vem lograr comigo
Destes alegres campos a beleza,
Destas copadas árvores o abrigo :
Deixa louvar da corte a vã
grandeza:
Quanto me agrada mais estar
contigo
Notando as perfeições da Natureza!
Entre as afirmações abaixo, a
única que NÃO contempla características quanto ao estilo e ao conteúdo
do soneto transcrito, é:
(A) Trata-se de um
poema em que se manifestam as convenções do Arcadismo .
(B) O texto atende
às normas estabelecidas pelo classicismo greco-latino.
(C) A contemplação da natureza remete para certa ênfase
erótica.
(D) Paz e harmonia
são elementos presentes no texto, em destaque.
(E) A natureza
aparece, no poema, como mediadora da relação amorosa.
2-(UEPA-
2008)Leia os versos abaixo.
“Quem deixa o
trato pastoril, amado,
Pela ingrata
civil correspondência,
Ou desconhece o
rosto da violência,
Ou do retiro a paz
não tem provado."
Ainda é corrente entre nós a
vontade de sair da vida agitada da cidade para o campo, sob a alegação de que
nela não podemos viver em paz. Tal ideia, propagada sobretudo a partir do
século XVIII, marcou diversas culturas do Ocidente. Nos versos acima, Cláudio
Manoel revela a mesma ideia apoiado no seguinte lema latino:
a) Inutilia Truncat
b) Carpe Diem
c) Aurea Mediocritas
d) Locus Amoenus
e)
Fugere Urbem
3-(UEPA-2008)
Leia com atenção a seguinte fala do personagem central de O Velho da Horta,
de Gil Vicente. Ele se dirige à Branca Gil.
“O caso é: Sobre
meus dias,
em tempo contra
razão,
veio amor sobre
tenção,
e fez de mim
outro Mancias*
tão penado
que de muito
namorado
creio que me
culpareis
porque tomei tal
cuidado;
e do velho
destampado
zombareis.”
*trovador
ibérico extremamente apaixonado
Pelo que se depreende da leitura,
o receio do velho, relativamente à opinião de Branca Gil sobre si próprio,
demonstra que tanto na Idade Média, como hoje, não é comum se aceitar em nossa
cultura:
a)
o namoro entre pessoas de idades muito diferentes.
b) a prática do adultério.
c) o relacionamento entre judeus
e não judeus.
d) o empréstimo de dinheiro a
juros.
e) a paixão descontrolada.
4-(UEPA-2008) Desde o Período Colonial, as
diferenças culturais entre europeus e africanos têm produzido comentários
hostis. Assinale os versos de Gregório de Matos Guerra em que se verifica essa
postura agressiva do branco em relação ao negro, ou ao mestiço.
a) “Os brancos aqui não podem
mais que sofrer
e calar.”
b) “Querem-me aqui todos mal,
e eu quero mal a
todos;
eles e eu, por
nossos modos,
nos pagamos tal
por tal”.
c)“Anjo no nome, Angélica na
cara,
Isso é ser flor
e Anjo juntamente”,
d)“Terra tão grosseira e
crassa,
que a ninguém se
tem respeito,
salvo quem
mostra algum jeito
de ser mulato”.
e) “Que homem pode haver tão
paciente,
que vendo o
triste estado da Bahia,
não chore, não
suspire e não lamente”.
5-(UEPA-2010)
Do ponto de vista técnico, é correto afirmar sobre a farsa O Velho da Horta,
de Gil Vicente:
a) utiliza a língua espanhola e a
portuguesa nos diálogos.
b) assinala o tempo com
informações precisas, evitando dúvidas sobre o seu fluxo.
c) mantém a tradição do
classicismo antigo na elaboração de um herói destruído pelos
deuses que determinam o seu
destino.
d)
fixa as ações dos personagens em um espaço reduzido.
e) elabora personagens
psicologicamente bem desenvolvidos, como é o caso da Moça por quem o velho se
apaixona.
6-(UEPA-2010)
Cláudio Manuel da Costa descreve uma técnica usada no processo da mineração do
ouro nos versos:
a)
“As diferentes formas do trabalho,
Com
que o sábio mineiro entre o cascalho
Busca
o loiro metal; e com que passa
Logo
a purificá-lo a escassa
Tábua
ou canal do liso bulinete*;”
*calha usada para lavagem
do ouro
b) “Vê-se outro mineiro, que se
ocupa
Em penetrar por mina o duro
monte”
c) ”Entre serras estoutro*
(mineiro) vai
buscando
As betas de ouro; aquele vai
trepando
Pelo escabroso monte, e as águas
guia
Pelos canais, que lhe abre a
pedra fria”
* este outro
d) “Este é o rio, a montanha é
esta,
Estes os troncos, estes os
rochedos;”
e) “Leve pois a fortuna os seus
favores;
Eu os desprezo já; porque é
loucura
Comprar a tanto preço as minhas dores:”
GABARITO
1C2E3A4D5D6A
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
EXERCÍCIO 2ª FASE
1) Assinale a
alternativa correta.
I
- Preferência pela realidade exterior sobre a interior.
II
- Anteposição da fé à razão, com valorização da mística e da intuição.
III-
Poesia descritiva de representação dos fenômenos da natureza. Detalhismo.
IV
- Gosto pelo pitoresco, pela descrição de ambientes exóticos.
V- Atenção do escritor aos detalhes para
retratar fielmente o que descreve.
Características
gerais do Romantismo se acham expressas nas proposições:
a)
II e IV
b)
II e III
c)
I e IV
d)
II e V
e)
todas
2) Assinale a
alternativa que traz apenas características do Romantismo:
a) idealismo, religiosidade, objetividade,
escapismo, temas pagãos.
b) predomínio do sentimento, liberdade
criadora, temas cristãos, natureza convencional, valores absolutos.
c) egocentrismo, predomínio da poesia lírica,
relativismo, insatisfação, idealismo.
d) idealismo, insatisfação, escapismo,
natureza convencional, objetividade.
e) insatisfação, escapismo, cientificismo,
bucolismo, egocentrismo.
3) (FIUBE-MG) Na
poesia lírico – amorosa de Castro Alves, observa-se:
a)
uma posição platônica em relação ao amor, sobre o qual versifica em linguagem
racional e contida.
b)
a idealização da mulher, cantada constantemente como objeto inacessível ao
poeta.
c)
a preocupação de ocultar, por meio do excesso de figuras de linguagens, os mais
recônditos desejos do poeta.
d)
uma renovação em relação à de seus antecessores, pela expressão ousada dos
impulsos eróticos.
e)
a mesma timidez revelada nos devaneios líricos dos poetas da geração byroniana.
4) (UFPA) Os
poemas de Alvares de Azevedo desenvolvem atmosferas variadas que vão do lirismo
mais ingênuo ao erotismo, com toques de ironia, tristeza, zombaria,
sensualidade, tédio e humor. Essas características demonstram:
a)
a carga de brasilidade de seu autor.
b)
a preocupação do autor com os destinos de seu país.
c)
os aspectos neoclássicos que ainda persistem nos versos deste autor.
d)
o ultra-romantismo, marcante neste autor.
e)
o aspecto social de seus versos.
5) Sobre o conto
“Uma Senhora”, de Machado de Assis, é incorreto afirmar que:
a)
Uma Senhora narra a história de D. Camila, uma bela dama comparada, na obra, à
uma deusa. No entanto, apesar da beleza, a protagonista teme o passar de sua
idade, e tem em sua filha, Ernestina, o suporte para o prolongamento da sua
beleza.
b)
Uma Senhora narra a história de D. Ernestina, uma bela dama comparada, na obra,
à uma deusa. No entanto, apesar da beleza, a protagonista teme o passar de sua
idade, e tem em sua filha, Camila, o suporte para o prolongamento da sua
beleza.
c)
D. Camila era capaz de tudo para manter sua aparência de uma senhora jovial,
sem ao menos poupar sua própria filha de sua obsessão.
d)
Ernestina não conseguira ter uma vida de jovem de forma natural, pois sua mãe a
privava com medo de que ela arrumasse um pretendente e, por conseguinte, a
deixasse na qualidade de futura avó.
6) (UEL-PR) O
Romantismo, graças à ideologia dominante e a um complexo conteúdo artístico,
social e político, caracteriza-se como uma época propícia ao aparecimento de
naturezas humanas marcadas por:
a)
teocentrismo, hipersensibilidade, alegria, otimismo e crença na sociedade.
b)etnocentrismo,
insensibilidade, descontração, otimismo e crença na sociedade.
c)
egocentrismo, hipersensibilidade, melancolia, pessimismo, angustia e desespero.
d)
teocentrismo, insensibilidade, descontração, angustia e desesperança.
e)
egocentrismo, hipersensibilidade, alegria, descontração e crença no futuro.
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
EXERCÍCIO 3ª FASE UEPA-UFPA
1-(IELUSC) Texto para
próxima questão.
Tinham deixado os caminhos, cheios de
espinho e seixos, fazia horas que pisavam a margem do rio, a lama seca e
rachada que escaldava os pés [...]
[Sinha Vitória] distraiu-se olhando os
xiquexiques e os mandacarus que avultavam na campina. Um mormaço levanta-se da
terra queimada.
Estremeceu, lembrando-se da seca, o
rosto moreno desbotou, os olhos pretos arregalaram-se (Graciliano Ramos, Vidas
Secas).
Assinale a alternativa INCORRETA:
a) Apesar de as
personagens da história viverem no sertão nordestino, boa parte da trama se
passa em São Paulo, que é o destino da maioria dos retirantes.
b) Focaliza uma família de retirantes
que vive numa espécie de mudez introspectiva, em precárias condições físicas e
num estado degradante de condição humana.
c) O autor descreve a realidade a partir
da visão amarga do sertanejo, associando a psicologia das personagens com as
condições naturais e sociais em que estão inseridas.
d) É um romance desmontável, tendo em
vista sua composição descontínua, feita de episódios relativamente
independentes e sequências parcialmente truncadas.
e) Algumas das personagens são: Sinha
Vitória, Fabiano, Baleia, Soldado Amarelo.
2-(Puc) Leia o trecho abaixo e responda:
“O mulungu do bebedouro cobria-se de
arribações. Mau sinal, provavelmente o sertão ia pegar fogo. Vinham em bandos,
arranchavam-se nas árvores da beira do rio, descansavam, bebiam e, como em
redor não havia comida, seguiam viagem para o Sul. O casal agoniado sonhava
desgraças. O sol chupava os poços, e aquelas excomungadas levavam o resto da
água, queriam matar o gado. (…) Alguns dias antes estava sossegado, preparando
látegos, consertando cercas. De repente, um risco no céu, outros riscos,
milhares de riscos juntos, nuvens, o medonho rumor de asas a anunciar
destruição. Ele já andava meio desconfiado vendo as fontes minguarem. E
olhava com desgosto a brancura das manhãs longas e a vermelhidão das tardes
(…)” (Vida Secas).
O trecho acima é de Vidas Secas,
obra de Graciliano Ramos, Dele, e incorreto afirmar que:
a) marca-se por fatalismo
exagerado, em expressão como “o sertão ia pegar fogo”, que impede a
manifestação poética da linguagem.
b) prenuncia nova seca e relata a luta
incessante que os animais e o homem travam na constante defesa da
sobrevivência.
c) atinge um estado de poesia, ao pintar
com imagens visuais, em jogo forte de cores, o quadro da penúria da seca.
d) explora a gradação, como recurso
estilístico, para anunciar a passagem das aves a caminho do Sul.
e) confirma, no deslocamento das aves, a
desconfiança iminente da tragédia, indiciada pela “brancura das manhãs longas e
a vermelhidão sinistra das tardes”.
3-O
trecho a seguir faz uma demonstração clara de quem era Fabiano. Assinale a
opção que está em desacordo com o que é mostrado nesse trecho:
“Vivia longe dos homens, só se dava bem
com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da
terra. Montando, confundia-se o cavalo, guardava-se a ele. E falava uma
linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia. A pé,
não se aguentava bem. Pendia para um lado, para o outro lado, cambaio, torto e
feio. Às vezes, utilizava nas relações com as pessoas a mesma língua com que se
dirigia aos brutos – exclamações, onomatopeias. Na verdade falava pouco.
Admirava as palavras compridas e difíceis da gente da cidade, tentava
reproduzir algumas, em vão, mas sabia que elas eram inúteis e perigosas”
(Graciliano Ramos, Vidas Secas)
a) O cavalo e Fabiano se confundiam.
Fabiano sentia-se um bicho, afirmava ser um bicho, orgulhava-se de ser bicho.
b) Os pés de Fabiano são descritos de
tal forma que podemos imaginar os cascos de um cavalo.
c) O medo que Fabiano tinha das palavras
era justificável. Foi por não saber usá-las que o soldado amarelo o prendeu e
maltratou de tal forma que ele foi preso.
d) Fabiano tinha inveja de
seu Tomás da Bolandeira, porque seu Tomás sabia usar as palavras. Temia não
saber usá-las porque os meninos estavam crescendo e ficando perguntadores.
e) Fabiano até tentava reproduzir as
palavras das gentes da cidade, porém tinha medo delas, porque as reproduzia sem
ter conhecimento do seu significado.
4-Subjetivismo,
valorização do inconsciente e do subconsciente, busca do vago, do diáfano,
musicalidade, sugestão são características da poesia:
a) romântica.
b) barroca.
c) árcade.
d) simbolista.
e) parnasiana.
5-Indique
a única alternativa que apresenta os valores da estética simbolista:
a) A lógica, o mistério e a sensibilidade.
b) A intuição, a ciência e a sonoridade.
c) O ilógico, o simbolismo e o científico.
d) A intuição, a musicalidade e a espiritualidade.
e) A evidência, a coerência e o simbólico.
6-Em
1943, o encenador polonês Ziembinski leva ao palco do Teatro Municipal do Rio
de Janeiro a segunda peça de Nelson Rodrigues, Vestido de Noiva. Tomando como
referência essa obra e o contexto em que ela se insere, analise as afirmações
abaixo e conclua colocando V para as assertivas verdadeiras e F para as falsas:
( ) ‘Vestido
de Noiva’ deu continuidade às conquistas estéticas do teatro moderno
brasileiro, representando a terceira fase do movimento.
( ) A peça
de Nelson Rodrigues inova na esfera do conteúdo, mas, do ponto de vista formal,
mantém a mesma estrutura dos dramas que fizeram sucesso no Brasil até então.
( )
Conflitos familiares e disputas amorosas entre irmãos são uma constante na obra
de Nelson Rodrigues, não sendo exceção o caso de ‘Vestido de Noiva’.
( ) A
personagem Madame Clessi constitui um símbolo do desvio de conduta da moral
burguesa, algo que compõe a fantasia da protagonista Alaíde.
( ) Ao
final da peça, Pedro escandaliza toda a sociedade carioca, casando-se,
simultaneamente, com as duas irmãs, Alaíde e Lúcia, que surgem em cena vestidas
de noiva.
a) VVVFF
b) VFVFV
c) FVVVF
d) FFFVF
e) FFVVF
1A 2A 3D 4D 5D 6C
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